Os adenomas hipofisários representam cerca de 10% de todas as neoplasias intracranianas. Esses tumores se originam na porção anterior da glândula hipófise (adenohipófise) e, na maioria dos casos, são benignos. Eles são a principal causa de lesões expansivas na região da sela túrcica, ocorrendo principalmente a partir da terceira década de vida.
Tipos de Adenomas Hipofisários
Os adenomas hipofisários são classificados de acordo com seu tamanho e o tipo de célula que origina o tumor:
- Microadenomas: Tumores menores que 1 cm.
- Macroadenomas: Tumores maiores que 1 cm.
Os adenomas podem surgir de qualquer célula da adenohipófise, resultando em aumento da produção hormonal (adenomas secretores) ou compressão de outras células, reduzindo a secreção de hormônios. No entanto, muitos adenomas não afetam a produção hormonal, sendo chamados de adenomas não secretores.
Quando Suspeitar de um Tumor Hipofisário?
Por sua proximidade com as vias ópticas, os adenomas hipofisários podem causar perda progressiva do campo de visão, especialmente da visão periférica. Outros sinais e sintomas incluem:
- Sintomas neurológicos: Perda de campo visual, visão dupla e dores de cabeça.
- Alterações hormonais: Irregularidades menstruais, galactorreia, disfunção erétil, acromegalia (crescimento anormal de extremidades), e sinais de doenças como a Doença de Cushing.
- Descoberta incidental: Muitos adenomas são identificados acidentalmente em exames de imagem, como ressonância magnética ou tomografia, solicitados por outros motivos.
O que Fazer Diante da Suspeita de um Tumor Hipofisário?
Se houver suspeita de um adenoma hipofisário, é fundamental procurar um endocrinologista e um neurocirurgião. O diagnóstico geralmente envolve:
- Exames hormonais para avaliar os níveis dos hormônios controlados pela hipófise.
- Campimetria visual e avaliação oftalmológica para detectar déficits visuais.
- Ressonância magnética da sela túrcica para confirmar a presença do tumor e suas relações anatômicas com estruturas importantes, como nervos ópticos e artérias carótidas.
Tratamento dos Tumores Hipofisários
O tratamento dos adenomas hipofisários depende de diversos fatores, como o tipo de tumor e as condições individuais do paciente. As opções incluem:
- Acompanhamento: Adenomas não secretores de pequeno tamanho e sem sintomas visuais podem ser monitorados com ressonâncias magnéticas periódicas. Cirurgia ou medicação só são indicadas se houver crescimento do tumor ou surgimento de sintomas.
- Tratamento medicamentoso: Para adenomas secretores de prolactina (prolactinomas), o tratamento inicial é geralmente medicamentoso, com altas taxas de sucesso. A cirurgia é considerada apenas se a medicação não for eficaz ou houver intolerância.
- Cirurgia: Nos demais adenomas secretores, como na Doença de Cushing (adenoma produtor de ACTH), a cirurgia é o tratamento inicial. A remoção precoce do tumor aumenta as chances de normalização dos níveis hormonais.
Cada caso é único, e a escolha do tratamento deve ser discutida entre o paciente, familiares e a equipe médica.
Como é Feita a Cirurgia dos Adenomas Hipofisários?
Atualmente, a maioria dos adenomas hipofisários é removida por meio da cirurgia endonasal (por dentro do nariz) com o uso de endoscópios. Essa técnica é possível devido à localização da hipófise logo atrás do nariz, facilitando o acesso (veja a foto abaixo). A cirurgia é realizada sob anestesia geral e envolve equipes de otorrinolaringologistas e neurocirurgiões.
Em casos de tumores maiores, pode ser necessária uma craniotomia, onde uma pequena abertura no crânio é feita para a remoção do tumor com o auxílio de um microscópio cirúrgico.
Independente da técnica utilizada, o objetivo da cirurgia é a remoção máxima do tumor, sempre priorizando a segurança do paciente.
Conclusão
Cada paciente tem características únicas, e o plano de tratamento deve ser personalizado. Uma boa comunicação entre o paciente, familiares e a equipe médica é essencial para o sucesso do tratamento. Caso tenha dúvidas, consulte seu neurocirurgião e endocrinologista.
Dr. Baltazar Leão é neurocirurgião, especialista em tumores cerebrais com especial interesse em tumores da região hipofisária. Possui Doutorado em Cirurgia pela UFMG e é Professor do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina da UFMG.
@baltazarleao.neuro
Excelente conteúdo, me ajudou muito, parabéns pelo seu trabalho